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FILME DO MÊS: "O Homem Que Virou Suco"

sexta-feira, 20 de abril de 2012




Deraldo, poeta popular recém-chegado do Nordeste a São Paulo, sobrevivendo de suas poesias e folhetos é confundido com o operário de uma multinacional que mata o patrão na festa que recebe o título de operário símbolo. O filme aborda a resistência do poeta diante de uma sociedade opressora, esmagando o homem dia-a-dia, eliminando suas raízes.
O contexto é o início dos anos 80, período em que a ditadura militar já estava enfraquecida e o movimento operário resurgia como força política.


Ficha Técnica


Título original:

O Homem Que Virou Suco
Gênero: Drama
Duração: 90 min.
Lançamento (Brasil): 1980
Direção: João Batista de Andrade

Elenco



José Dumont (Deraldo/Severino)
Aldo Bueno
Rafael de Carvalho
Ruthinéa de Moraes
Denoy de Oliveira
Dominguinhos
Ruth Escobar



'O Homem Que Virou Suco', restaurado e ainda atual


Estava escrito que O Homem Que Virou Suco seria um filme de muitas vidas. João Batista de Andrade lembra-se da estréia, em 1981. Era o auge da pornochanchada e o filme estreou em duas salas - no antigo Olido e no Belas Artes. O público chegava ao Olido, olhava o cartaz, ficava namorando O Homem, mas não entrava. O fracasso foi inevitável. Mesmo assim, O Homem Que Virou Suco foi convidado a participar do Festival de Moscou. Ganhou a Medalha de Ouro do evento com que os soviéticos, no tempo em que havia URSS, tentavam fazer frente ao Oscar e a Cannes. Relançado, O Homem foi (re)descoberto pelo público e virou um sucesso.

Não só de público - a crítica também cumulou João Batista de Andrade de elogios. Agora, 26 anos depois, O Homem volta aos cinemas, numa versão restaurada. Começa uma nova vida. Filmado em 16 mm, o filme foi lançado em 35 mm mas havia um forte circuito alternativo que reclamava cópias em 16. Foram tantas para que o filme passasse em sindicatos, escolas, associações que o negativo, como conta João Batista, "ficou detonado". Graças aos esforços do Centro de Pesquisadores do Rio - leia-se Carlos e Myrna Brandão -, com apoio da Petrobras, o filme foi restaurado e lançado no Festival do Rio do ano passado. Quase um ano depois, (re)estréia em São Paulo.

A restauração só foi possível porque foram descobertas duas cópias em 35 mm que estavam em bom estado. Trabalhando com elas e o negativo, O Homem foi ganhando nova roupagem. É o mesmo filme, mas com melhores condições de imagem e som. O mesmo País, também? O Homem Que Virou Suco conta a história desse nordestino que, em São Paulo, é confundido com um fugitivo. Para a polícia, os dois são ‘Silva’ e isso é suficiente para que o homem errado - um conceito que Alfred Hitchcock desenvolveu em obras memoráveis de suspense - conheça o inferno na cidade grande.

João Batista de Andrade chegou a pensar em fazer o filme com Tom Zé, mas aí descobriu José Dumont. Por melhor que fosse Tom Zé, não seria a mesma coisa. O outro Zé é excepcional. João Batista mistura experimentação e narrativa popular, documentário e ficção. Sua estética é política. Ele filmou no Viaduto do Chá, na periferia de São Paulo. O ano era 1979. O Brasil estava mudando. Pressionada, a ditadura recuava. João já estava escaldado de filmar em condições adversas. Ele sabe que o Brasil mudou, mas nem tanto. A história de O Homem Que Virou Suco continua atual.

Fonte: Estadão


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