Deraldo,
poeta popular recém-chegado do Nordeste a São Paulo, sobrevivendo de
suas poesias e folhetos é confundido com o operário de uma multinacional
que mata o patrão na festa que recebe o título de operário símbolo. O
filme aborda a resistência do poeta diante de uma sociedade opressora,
esmagando o homem dia-a-dia, eliminando suas raízes.
O contexto é o início dos anos 80, período em que a ditadura militar já estava enfraquecida e o movimento operário resurgia como força política.
O contexto é o início dos anos 80, período em que a ditadura militar já estava enfraquecida e o movimento operário resurgia como força política.
Ficha Técnica
Título original:
O Homem Que Virou Suco
Gênero: Drama
Duração: 90 min.
Lançamento (Brasil): 1980
Direção: João Batista de Andrade
Elenco
José Dumont (Deraldo/Severino)
Aldo Bueno
Rafael de Carvalho
Ruthinéa de Moraes
Denoy de Oliveira
Dominguinhos
Ruth Escobar
'O Homem Que Virou Suco', restaurado e ainda atual
Estava
escrito que O Homem Que Virou Suco seria um filme de muitas vidas. João
Batista de Andrade lembra-se da estréia, em 1981. Era o auge da
pornochanchada e o filme estreou em duas salas - no antigo Olido e no
Belas Artes. O público chegava ao Olido, olhava o cartaz, ficava
namorando O Homem, mas não entrava. O fracasso foi inevitável. Mesmo
assim, O Homem Que Virou Suco foi convidado a participar do Festival de
Moscou. Ganhou a Medalha de Ouro do evento com que os soviéticos, no
tempo em que havia URSS, tentavam fazer frente ao Oscar e a Cannes.
Relançado, O Homem foi (re)descoberto pelo público e virou um sucesso.
Não só de
público - a crítica também cumulou João Batista de Andrade de elogios.
Agora, 26 anos depois, O Homem volta aos cinemas, numa versão
restaurada. Começa uma nova vida. Filmado em 16 mm, o filme foi lançado
em 35 mm mas havia um forte circuito alternativo que reclamava cópias em
16. Foram tantas para que o filme passasse em sindicatos, escolas,
associações que o negativo, como conta João Batista, "ficou detonado".
Graças aos esforços do Centro de Pesquisadores do Rio - leia-se Carlos e
Myrna Brandão -, com apoio da Petrobras, o filme foi restaurado e
lançado no Festival do Rio do ano passado. Quase um ano depois,
(re)estréia em São Paulo.
A
restauração só foi possível porque foram descobertas duas cópias em 35
mm que estavam em bom estado. Trabalhando com elas e o negativo, O Homem
foi ganhando nova roupagem. É o mesmo filme, mas com melhores condições
de imagem e som. O mesmo País, também? O Homem Que Virou Suco conta a
história desse nordestino que, em São Paulo, é confundido com um
fugitivo. Para a polícia, os dois são ‘Silva’ e isso é suficiente para
que o homem errado - um conceito que Alfred Hitchcock desenvolveu em
obras memoráveis de suspense - conheça o inferno na cidade grande.
João Batista
de Andrade chegou a pensar em fazer o filme com Tom Zé, mas aí
descobriu José Dumont. Por melhor que fosse Tom Zé, não seria a mesma
coisa. O outro Zé é excepcional. João Batista mistura experimentação e
narrativa popular, documentário e ficção. Sua estética é política. Ele
filmou no Viaduto do Chá, na periferia de São Paulo. O ano era 1979. O
Brasil estava mudando. Pressionada, a ditadura recuava. João já estava
escaldado de filmar em condições adversas. Ele sabe que o Brasil mudou,
mas nem tanto. A história de O Homem Que Virou Suco continua atual.
Fonte: Estadão

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